08 janeiro 2010

Acessibilidade: Vamos fingir que existe...

Tenho que ser honesto comigo e com todos, sempre respeitei e nunca fui preconceituoso, porém as coisas me pegaram de jeito após o nascimento de meu filho Kleber, pois quando as coisas são conosco e não com o vizinho prestamos mais atenção.
É lamentável que tenhamos que dizer isso, mas é fundamental e necessário: O Brasil é um país mal educado.

 Pois é, alguns podem até ficar ofendidos, não me preocupa, é claro que aqueles que respeitam as vagas de deficientes, de idosos e não têm preconceitos, não se ofenderão com o que é dito, pois se trata da mais dura realidade, cidades tidas como exemplo para o Brasil, como Curitiba, por exemplo, tem péssima acessibilidade e nenhum respeito pelas vagas especiais, também Joinville /SC, São Paulo, Campo Grande e muitas outras cidades desse meu Brasil afora.
 
Belo Horizonte, existe e cumprem a lei, basta ligar vem o guincho e leva e além da multa, tem pagamento do guincho, assim o pessoal respeita, mas é só na via pública, pois nos shoppings, hiper mercados e bancos nada muda o desrespeito se mantém.

 
Tem leis? Tem! O Brasil é pródigo em leis, tem lei pra tudo, porém não se cumpre nada. Existem no Brasil 24,6 milhões de pessoas que tem algum tipo de deficiência. São constrangimentos na escola, no metrô, no ônibus, nas igrejas, em órgãos públicos, em todos os locais.
Danieli Haloten, (Caras & Bocas), deficiente visual desde a adolescência sabe se conduzir, o pior, porém é a Rede Globo de televisão mostrar ao público uma caricatura de cadeirante, protagonizada pela atriz Aline Moraes, onde não existe a preocupação social com o caso, apenas o apêndice “ tipo aqui a gente mostra”, que na realidade apenas vem confundir o povo que passa a pensar que a vida pode imitar a arte, ledo engano e ainda se perde a oportunidade de mostrar as mazelas do país, como sempre.

 
O ruim disso tudo é que não existe na cultura do povo o respeito pelo deficiente, acham os “normais” que deficiente é aquele bobalhão, retardado, imbecil, que não fala, não ouve, tem cara de debilóide, que não se importa com os olhares preconceituosos, com as mães que agarram as mãos dos filhos e os afastam deles como se fossem contagiosos, ou olham com cara de dó, e dizem... – coitadinho que ele tem? Tem um vizinho que tem a mesma doença? Não sabe nem do que se trata, diz isso apenas porque o deficiente está em uma cadeira de rodas e é uma criança.

 
Como nada nesse país é levado a sério, vamos nos concentrar naquilo que existe e não no que existirá. A Prefeitura de São Paulo tem distribuído um panfleto sobre acessibilidade dizendo que é lei etc. e tal, e que o deficiente deve fazer seu Cartão DeFis-DSV, para ter acesso a áreas de estacionamento especial, porém a preocupação do legislador foi pífia, pois atende teoricamente um anseio, mas paralelamente, não efetiva em lei, a punição daquele que transgride, aí sim resultaria em benefício dos deficientes em geral. 

 
Uma campanha televisiva de impacto mostrando os momentos em que há o desrespeito às leis, as dificuldades do deficiente pela falta de acesso, isso sim seria o ideal, entretanto, jamais um governo fará um auto-declaração tornando publica sua incapacidade de gerenciar esse conflito. Outra saída, mais enérgica seria a instalação de câmeras de vigilância e multas para os veículos que estacionassem em local proibido sem portar, no vidro traseiro e dianteiro do veículo, o símbolo universal.

 
O Jornalista Alexandre Garcia em um debate sobre voto obrigatório disse: “in fine”... Se não temos uma boa educação e estamos perdendo essa batalha, sem investimento em educação não há mudança que resolva, afirmou. O que serve como uma luva para entendermos o quanto será difícil conscientizar o cidadão que deve sim respeito à vaga do deficiente e não dividi-la com ele.
(Texto do blog: www.carvaovermelho.blogspot.com )

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