17 junho 2011

Cérebros exportados pedem menos burocracia para a pesquisa no Brasil! (I)

Quando tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia, em 3 de janeiro, Aloizio Mercadante leu um pronunciamento de 37 páginas. No discurso, entre outras colocações, ele disse: "Vamos também desenvolver uma política de estímulos para a repatriação de talentos no exterior, como estão fazendo a Itália e a China. De outro lado, precisamos articular a rede de cientistas e pesquisadores brasileiros que trabalham no exterior. Só nas universidades americanas há aproximadamente três mil professores brasileiros lecionando, que querem e podem participar de forma ativa do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação".

Trabalhariam no Brasil? - Das sete pessoas ouvidas, apenas uma acredita que poderia exercer a mesma atividade se trabalhasse no Brasil. A astrofísica Duília de Mello mora nos Estados Unidos e diz que, em sua área, a estrutura não faz muita diferença. "Atualmente, a diferença é mínima, pois fazemos praticamente tudo na internet e com um bom computador", afirma.
Para quem pesquisa nos campos das ciências biológicas, os recursos são mais importantes. Dois dos entrevistados disseram que até poderiam fazer os mesmos estudos, mas não com a mesma competitividade. Os outros quatro consideram que seria impossível fazer essas pesquisas no Brasil. Uma reclamação comum é a demora no acesso a produtos importantes, nas instituições brasileiras.

"Produtos que aqui chegam em dias, algumas vezes em horas, temos de esperar semanas, não raramente meses, no Brasil. Vale ressaltar que muitos produtos não são acondicionados devidamente e podem chegar danificados, o que leva a mais semanas e meses até outro chegar. Fica difícil ser competitivo neste ambiente", compara Cassiano Carromeu, que faz pós-doutorado em neurociência na Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA.

O acesso a equipamentos de última geração também é um fator que influi, já que nem todos os institutos de pesquisa do Brasil contam com eles. "Acredito que a estrutura é muito melhor aqui fora. Mesmo que um laboratório não tenha todos os equipamentos necessários é muito fácil encontrar algum outro laboratório no mesmo instituto que os tenha. Desta forma, as colaborações acontecem, fazendo com que se publique muito mais rapidamente", diz Sandra Mirandola, que faz pós-doutorado no Centro Alemão de Pesquisa de Doenças Neurodegenerativas.

"Como as universidades e institutos do Brasil têm uma forma muito arcaica de abrir concursos para contratar, com provas em português e uma burocracia enorme, acho pouco provável prestarmos concursos. Porém, não está fora dos planos, se um dia o Brasil se modernizar neste aspecto e fizer a seleção de candidatos, como na maioria dos países desenvolvidos, através de currículo e experiência", afirma a astrônoma.

As condições de trabalho fazem com que alguns não queiram trabalhar no Brasil tão cedo. "Consideraria voltar caso houvesse infra-estrutura para pesquisa de translação e se fundos de fomento para pesquisa fossem equivalentes ou melhores do que os que atualmente acesso na Inglaterra e Europa", diz Jorge Reis Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres.
(Fonte- G1-SBPC)
Foto ilustrativa
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