Ouvidos sete cientistas brasileiros que atuam no exterior. Estrutura melhor também está entre motivos citados para saída do País.
Falaram alguns desses pesquisadores que atuam no exterior, de alunos de doutorado a cientistas experientes, para saber como se sentem esses "cérebros exportados" e entender o que os levou a estudar em instituições fora do País.
Carol Marchetto - pós-doutoranda em neurologia no Instituto Salk. "Melhoras no financiamento científico, no sistema educacional e na qualidade de vida nas grandes cidades me motivariam ainda mais a retornar ao Brasil."
Marcus Smolka - professor de bioquímica e biologia molecular na Universidade Cornell. "Baseado na minha experiência no Brasil, acho que a pesquisa brasileira ainda é gerenciada de forma amadora. Por exemplo, professores que deveriam focar em pesquisa e educação se tornam 'assistentes administrativos', pois têm que lidar com uma enorme burocracia, o que é um desperdício da qualificação."
Marcus Smolka, professor da Universidade Cornell, nos EUA, gostaria de voltar e fazer parte de uma "reforma universitária e científica", e queria ver mais vontade política nesse sentido. "Tenho grande vontade de retornar ao Brasil para dividir minha experiência adquirida nos EUA e, principalmente, ajudar jovens cientistas brasileiros a fazer pesquisa cientifica competitiva de alto nível", diz o bioquímico.
Cassiano Carromeu - pós-doutorando em neurociência na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD). "Acho que este é o único ponto que em todos os lugares do mundo é unânime: o salário é basicamente igual. Quando entrei na área de pesquisa, não foi pensando em ficar milionário. Tirando alguns casos excepcionais, ganhamos o suficiente para sobreviver. Mergulhei em ciência seguindo um ideal: fazer o que gosto e ajudar o próximo. E acho que não falo só por mim."
Jorge Reis Filho - pesquisador, em hispatologia e patologia molecular no Instituto de Pesquisa do Câncer. "No Brasil, pesquisa é principalmente financiada por agências governamentais. Aqui na Inglaterra, o cenário e completamente diferente, visto que instituições filantrópicas para o apoio a pesquisa têm um papel muitíssimo importante."
Duília de Mello - professora associada de astrofísica na PUC de Washington e pesquisadora associada da Nasa. "A sociedade brasileira ainda vê a carreira de cientista como uma carreira arriscada e a carreira de professor universitário como algo chato e que paga mal. Muitos jovens me escrevem perguntando se vão morrer de fome e se encontrarão emprego se fizerem astronomia. Eles ficam um pouco decepcionados quando eu falo que, depois da faculdade, precisam continuar estudando por pelo menos mais uns cinco anos para obter o doutorado."
Fabrício Brasil - doutorando em neurociência na Universidade de Tübingen / Instituto Max Planck. "Ter o título de doutor aqui é algo positivo e procurado pelas empresas, que buscam por profissionais mais qualificados. No Brasil, ter o título de doutor praticamente indica que o pesquisador terá que trabalhar em uma universidade e/ou com ensino."
Sandra Mirandola - pós-doutoranda no Centro Alemão de Pesquisa de Doenças Neurodegenerativas. "Acredito que a estrutura é muito melhor aqui fora. Mesmo que um laboratório não tenha todos os equipamentos necessários é muito fácil encontrar algum outro laboratório no mesmo instituto que os tenha. Desta forma, as colaborações acontecem, fazendo com que se publique muito mais rapidamente."
(Fonte- G1-SBPC)
Foto ilustrativa
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