21 junho 2011

Cérebros exportados - pedem menos burocracia para a pesquisa no Brasil! (II)


No caso de Fabrício Brasil, que faz doutorado no Instituto Max Planck, na Alemanha, o retorno é obrigatório. "As atuais normas que regem os contratos dos bolsistas internacionais do CNPq e da Capes, e que todos têm que assinar para conseguir a bolsa, dizem que os bolsistas internacionais têm que retornar imediatamente ao Brasil apos o término do doutorado", relata o engenheiro, que hoje estuda neurociência.

"Considero isso correto", prossegue, "já que o meu país espera um retorno da minha parte perante o investimento realizado, mas recebo em troca uma bolsa de um ano de pós-doutorado Júnior' do Brasil, enquanto aqui recebo ofertas bem mais vantajosas", completa.


Sugestões - Afinal, que conhecimentos são esses que nossos cientistas adquirem no exterior? Que sugestões eles trazem para desenvolver a pesquisa no Brasil? Duas questões foram comuns no relato de quase todos os entrevistados: o financiamento e a burocracia. Os cientistas ressaltam que, no Brasil, os principais centros de pesquisa são instituições públicas, o que acaba sendo uma limitação à renda.

"Nos EUA, temos mais recursos. Existem outras fontes pouco exploradas no Brasil, como parcerias com indústrias, inúmeras pequenas fundações e doações privadas", explica Carol Marchetto, que faz pós-doutorado em neurologia no Instituto Salk.

As pequenas fundações citadas por Marchetto são, muitas vezes, organizações não governamentais sem fins lucrativos. Cassiano Carromeu conta que recebe uma bolsa da Fundação Internacional da Síndrome de Rett para estudar a doença, que é um tipo grave de autismo. O melhor financiamento ajuda a pesquisa como um todo. "Isto significa que o número de pesquisadores é maior e se tem mais dinheiro", aponta Sandra Mirandola.

Mais dinheiro não é sinônimo de melhores salários. Em geral, os entrevistados consideram que um cientista pertence à classe média tanto no Brasil, quanto na Europa ou nos EUA, ganhando menos que um executivo, por exemplo. O que os pesquisadores pedem é mais verbas para pesquisa e mais liberdade no uso delas.

"A quantidade de dinheiro oferecida por estas entidades é geralmente maior nos EUA quando comparada ao Brasil, mas a maior diferença está na flexibilidade em como o pesquisador aqui nos EUA pode usar o dinheiro. Por exemplo, aqui nos EUA é possível usar o dinheiro destes auxílios para diretamente pagar pessoal - como doutorandos e pós-doutorandos", exemplifica Marcus Smolka. "No Brasil, é bem mais complicado, pois o auxilio conseguido pelo pesquisador não pode ser usado para pagamento de doutorandos e pós-doutorandos, sendo necessária submissão de pedidos de bolsas por vias independentes. Isto acaba travando a capacidade do pesquisador brasileiro de contratar pessoas no laboratório", conclui o professor de bioquímica e biologia molecular.

Além do apoio de outros pesquisadores, os cientistas falam da importância do auxílio na burocracia, para que o foco fique apenas nos estudos, sem sobrecarga de funções. "Os institutos aqui fora contam com profissionais especializados em diversas áreas para suprir as necessidades da rotina. Temos administradores responsáveis pelo fluxo de dinheiro, biólogos para implementar segurança nos laboratórios, outros responsáveis pela comprar dos insumos, tudo é otimizado. No Brasil, o docente tem que fazer o papel de pesquisador-administrador, mesmo não sabendo administrar", acrescenta Sandra Mirandola.

(Fonte- G1-SBPC) – Foto ilustrativa
Continua...

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